Mais um trecho comentado da série da Anne with an e.
Esta cena me encanta, aliás a personagem Josephine eu sou apaixonada nela, é uma mulher inteligente, corajosa e muito inspiradora. Viveu uma história de amor com outra mulher que me encanta ver as cenas que ela conta sobre sua companheira e o amor da sua vida.
Anne, que deseja mais do que é determinado para ela no contexto em que está inserida, logo vê na Josephine mais do que uma mulher chata que envelheceu. E Josephine também vê a curiosidade e os desejos ousados de Anne como algo potente e que faz dela uma adolescente corajosa. As duas se conectam, criam um vínculo de confiança. Josephine se torna uma rede de apoio e acolhimento para Anne.
Neste diálogo Anne conta para ela que irá até o orfanato em que foi entregue quando se tornou órfã para ter mais informações sobre sua história. Anne quer saber mais sobre seus pais, a história do seu passado, seu desejo é legítimo.
É apoiada por Marilla e Matthew, seus pais adotivos. Ao compartilhar com Josephine ela devolve a Anne a imagem do que ela já é. Que amor de diálogo. É tão essencial a sensação de sermos acolhidas, vistas e aceitas. Ganhamos coragem pra legitimar o que desejamos e também alívio na certeza do colo que está ali para quando voltarmos.
Me faz pensar que aquilo que somos é junção de fragmentos daquilo que nos aconteceram, daquilo que fazemos com o que fizeram para nós, daquilo que sentimos mesmo sem saber nomear, das circunstâncias e contextos que fomos inseridas quando crianças sem possibilidade de escolha.
Não somos uma coisa só.
Fragmentos não nos definem, mas fazem parte, nos compõe.
Roberta Rocha ❤️
Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres
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