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Conheci @elouis7580 pelas redes sociais, quando ele foi destaque na Flip. Depois, assisti à sua entrevista no Roda Viva, que me atravessou profundamente. Louis escreve e fala sobre violência estrutural sem romantizar.
Essa honestidade me tocou, porque há ressonâncias entre nossas histórias e as marcas deixadas pela pobreza.
Em Luta e Metamorfoses de uma Mulher, ele narra a história de sua mãe, reconhecendo o cansaço, a sobrecarga e as violências que ela sofreu — as mesmas que acabava reproduzindo com ele. Ele também nos conta as consequências disso em sua vida, como filho dessa mãe. É um retrato doloroso e comum para tantas mulheres esmagadas por um sistema que as negligencia.
Quando ele escreve sobre a pobreza, há um trecho que me marcou: “A pobreza se impõe sempre com um manual de conduta que ninguém precisa publicar para conhecer…” e reconhecer.
Essa frase me provocou uma angústia profunda, parecia traduzir algo que, dentro de mim, ainda não tinha encontrado palavras.
Já em Monique se Liberta, Louis olha para sua mãe de outro lugar, narrando como um homem diante de uma mulher. Parece ter um tom mais afetuoso com a mãe, esta mulher que foge, que se liberta de mais um homem abusivo.
Ele não romantiza a fuga. Não a chama de coragem, mas de fardo. E faz perguntas difíceis: “Por que alguns fogem, enquanto outros não têm do que fugir? Por que alguns precisam lutar sempre, enquanto outros podem desfrutar”
A fuga não é um ato heroico, mas a última saída, de uma vítima, não de uma “guerreira” como insistimos em nomear as mulheres. Chamamos de força o que, na verdade, é desespero. Chamamos de coragem o que não deveria ser necessário.
No fim, Louis fala da possibilidade do fardo produzir alguma beleza, penso que nesse processo a beleza não está na fuga em si, mas no que ela revela depois.
Roberta Rocha
Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres
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