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Obrigada por tanto, Papitos

Foto do escritor: Roberta RochaRoberta Rocha

O coração dele não resistiu,


foi o que me disseram,


há 10 anos,


quando a morte, essa visita inesperada,


encontrou meu pai.



Levou o corpo,


deixando o irreversível:


não ouviria mais sua voz,


não sentiria mais seu cheiro,


seu abraço.



Perdi meu norte,


meu guia,


aquele olhar,


aquele abraço,


a certeza de um amor vivido.



Morri um tanto com ele.


Demorei a sentir a vida


para quem fica


depois da morte.



Quando jogamos suas cinzas no mar,


a seu pedido,


num dia nublado,


um raio de sol se uniu ao mar,


e ali, senti a possibilidade


de vida após a morte.



Meu pai,


que foi imensidão,


se encontrava com o mar


que tanto amava,


sabia que ali


poderia ser livre.



A vida se sobrepõe,


como as ondas,


o que foi,


se transforma


nesse angustiante vai e vem.


Ele sabia que, no mar,


poderíamos nos encontrar.



Pai,


são 10 anos vivendo


o paradoxo de estar


com e sem você.


Em alguns dias,


a saudade me engole,


a tristeza me invade.


Eu não resisto,


aceito,


respeito.


Mas, não se preocupe,


na maioria dos dias,


o amor vivido em nossa relação


me guia,


me sustenta.



Todo dia, algo me lembra


que existe, sim,


vida após a morte


para quem fica.



Obrigada por tanto, Papitos ♥️



Betinha

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