![](https://static.wixstatic.com/media/538be6_7e53fe4efff94de5829670674079af00~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_1225,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/538be6_7e53fe4efff94de5829670674079af00~mv2.jpg)
Um dia desses minha psicóloga me recomendou “O perigo de estar lúcida”, de Rosa Montero. “Ro, tô lendo um livro que lembrei muito de você”. Pela Deusa, tratei logo de ler com o pensamento: o que será que este livro diz sobre mim que minha psicóloga quer me dizer? (risos)
Na primeira frase do primeiro capítulo, já me identifiquei: “Sempre soube que alguma coisa dentro da minha cabeça não funcionava direito”.
Cresci com uma angústia ou amadureci cedo demais por causa dela. Talvez seja por isso que voltei muitas vezes a este trecho do livro:
“Não é de estranhar que, depois de termos tido um desencanto tão cedo com a vida, e tendo aprendido desde pequenos o que o tempo pode nos fazer e desfazer, a imensa maioria de nós, narradores, sejamos também pessoas mais obcecadas que a média pela passagem do tempo e pela morte. Pelo fim inexorável de todas as doçuras.”
Na infância, não temos os recursos necessários para compreender e elaborar certos acontecimentos. Lembro-me de viver criando, escrevendo e lendo histórias para lidar com algumas angústias e medos.
No livro, Rosa compartilha muitas histórias de escritores e escritoras, falando de suas obras e biografias e associando suas capacidades de criar como uma saída diante de realidades difíceis de elaborar. Ela diz: “A saída criativa tem sua origem num encontro precoce com o traumático”.
Ler o “O perigo de estar lúcida” reforçou minha visão sobre a importância de abraçar nossa complexidade interna e encontrar maneiras criativas de lidar com as adversidades da vida, ampliando a ideia de que a arte salva.
A leitura é um convite à reflexão sobre o que nomeamos como loucura e lucidez. Qual o lugar que a sociedade coloca para a mulher, a loucura e a lucidez?
Roberta Rocha
Psicóloga, Terapeuta de casais e famílias, Facilitadora de encontros entre mulheres
Comments