Um dia desses me senti pequena diante de uma situação no meu trabalho - de escutar e acolher mulheres-, pequena no sentido de insuficiente, sabe?
Quando aumentamos o volume da voz da comparação, algo em nós irá se diminuir, e de forma mais reativa nos defendemos numa tentativa falha e cansativa de nos equiparar, desconsiderando a nossa própria história.
Era uma segunda - feira e minha sessão de terapia seria somente na sexta, era tempo demais para guardar esta angústia.Eu que escuto e acolho mulheres todos os dias, sentia que precisava falar, mais ainda escutar outra voz, somente as minhas vozes internas não estavam dando o sustento e acalento.
Foi assim que contei a uma amiga como aquela situação tinha me desorganizado, como estava me sentindo pequena, insuficiente. Ela me escutou, me acolheu e com suas as palavras devolveu partes minhas que estavam com ela, no seu olhar, foi como se eu pudesse juntar os caquinhos que haviam se espalhado e sozinha não estava dando conta de juntar.
Depois de passar alguns dias angustiada na minha sessão de terapia contei a importância que teve aquela escuta.
Depois da sessão terapia, disse a ela, minha irmã: obrigada por ter lembrado de partes minhas que diante do medo eu me esqueci, me senti juntando os caquinhos que espalhei e você, carinhosamente, pegou alguns deles e me ajudou a colar.
As mulheres quando falam e se escutam acessam camadas muito profundas junto com a outra, me faz lembrar uma frase que eu amo muito: “as mulheres são como as águas, crescem quando se juntam”
A história de uma mulher nunca é somente dela, talvez seja por isto que os encontros entre mulheres são, potencialmente, curativos. ❤️
Me conta, quem são as mulheres que te amparam quando você precisa?
Roberta Rocha
Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres
Comments