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Leitura de "Tudo é rio"

Foto do escritor: Roberta RochaRoberta Rocha



Tudo é Rio, de @eucarlamadeira, que irei compartilhar a seguir é algo subjetivo, tem uma mistura do que senti e percebi ao ler, escutar e compartilhar sobre a a história com as outras mulheres no Clube do Livro. Não se trata de um resumo ou crítica. Pode conter spoiler.



Como Psicóloga e Terapeuta de família não me surpreendo com histórias trágicas e de amor ou com “amor” no caso de Dalva e Venâncio, mas isso não significa que não me impacte, longe disso. É do meu ofício escutar histórias de família e mulheres. E foi assim que me apaixonei pela escrita de Carla Madeira e me dediquei a escutar quase todos os podcasts que ela participou.



Um enredo sem uma data e um lugar definidos sugere que a história poderia se passar em 1950 ou nos dias atuais, com qualquer pessoa, ou seja, os personagens criados por Carla estão tão próximos de nós, misturados a nós. Me arrisco a dizer que é aqui que a leitura se torna visceral.






Dar lugar a cada personagem e o que o seu contexto nos provoca passa um tanto pelo nosso imaginário de memórias, crenças e atravessamentos de uma sociedade tão moralista como a nossa.



Ao longo da narrativa, assim como um rio que encontra águas tranquilas e trombas d’água podendo mudar o que está por vir, onde se via somente luz é possível ver sombras, onde se via amor passa a ver a indiferença, onde a certeza habitava a incerteza passa a fazer morada.



Carla diz em alguma entrevista que o perdão não é o oposto de punição. Fiquei um tempo morando nesta reflexão sem ainda uma conclusão (se é que precisa ter). Dalva pune o Venâncio com seu silêncio? Dalva perdoa o imperdoável no final proposto no livro?



Como uma mulher tão religiosa e banhada nos preceitos cristãos não consegue oferecer amor e afeto para sua sobrinha?



E Lucy é vítima ou protagonista de sua história? Aliás, é pela Lucy que Carla me provoca a refletir sobre sex0, poder e pudor? Será que se fosse um homem neste lugar algumas sensações ao ler as cenas explícitas de prazer gerariam constrangimento ou apaixonamento?


E o que dizer de Aurora? Uma mulher que diz o que precisa ser dito com sabedoria, gentileza e assertividade, mostra que se pode algum movimento ainda que não tenha a intenção de se rebelar do seu lugar submisso na família.



Como uma mulher vítima de uma violência brutal permanece neste relacionamento? Porque ela não foi embora?



Sobre o Tio de Lucy eu não consigo trazer muito mais do que: nojo e medo.



A história de Tudo é Rio, ainda não acabou em mim, continuo a percorrer pelas sensações assim como um rio que se deságua em lugares que ele próprio desconhece.



Roberta Rocha


Psicóloga, Terapeuta de casais e famílias, Facilitadora de encontros entre mulheres

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