Viola Davis é uma mulher preta, mãe, atriz, produtora, vencedora de um Oscar, um Emmy Award e dois Tony Awards, dessa forma alcançando a Tríplice Coroa da atuação. Foi considerada pela Time uma das 100 pessoas mais influentes do planeta em 2012 e em 2017.
Estou há alguns dias aqui escrevendo este texto de modo que eu não tropece em uma romantização da infância de miséria, violência, exclusão e abandono da sociedade racista, capitalista e patriarcal.
Ainda estou aqui integrando e elaborando o que a história da Viola Davis contada por ela no livro me trouxe de ressonâncias, emoções e perturbações.
Aprendi na minha prática clínica que as perturbações nos ajudam a expandir, a se movimentar.
Viola sobreviveu a uma infância de violência, fome e abandono, cresceu com traumas que mudaram seu percurso, por causa e apesar do que aconteceu ela se tornou o que ela é. Ao contar sua história sinto que ela deu lugar ao que viveu, assim o passado se torna uma referência e não uma morada.
A cada capítulo da sua história ela se mostra mais consciente da sua realidade, o que foi libertador, desesperador e doloroso.
O desejo de viver uma realidade diferente da qual estava se materializou na sua escolha profissional em ser atriz, fez o que precisa ser feito, muito mais do que os privilegiados precisam fazer.Foi um percurso denso, tenso e intenso.
A coragem de contar seu livro verdades sobre o que está por trás de uma carreira de sucesso e fama me fez ainda mais admirá-la.
São tantos convites à reflexão que um post não dá conta. Deixo aqui algumas reflexões:
Como você conta sua história?
Tem alguma imagem da sua infância que você se sente presa?
Como você cuida dos seus medos e desejos?
O que podemos ajustar em nossa postura para que tenhamos uma realidade menos racista, machista e desigual?
Obrigada, Viola. Foi um prazer estar com você, te ler, te conhecer mais.
Roberta Rocha
Psicóloga e Facilitadora de encontros entre mulheres
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