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Esta é a fala da mulher, vítima de e$tupr0 cometido por Daniel Alves, quando soube da condenação dele.
Esta frase ecoa as centenas de histórias de mulheres, sobreviventes da violência sexual, que acolhi ao longo do anos.
Para muitas, eu era a primeira a saber, elas me contavam depois de 20, 30, 40 anos em silêncio. E me arrisco a dizer que todas que não contaram/denunciaram na época do acontecido porque tinham a certeza que ninguém acreditaria nelas.
As poucas que contaram comprovaram que ninguém acreditou. Há um ou outro caso que foram “acolhidas”, mas ouviram sobre não falar mais sobre isso para não prejudicar o agressor, destruir a família ou ser julgada pelos outros. Ou seja, mais silenciamento, mais uma forma de violência contra a vítima e impunidade para o agressor.
Me faz lembrar de uma outra frase: "a eles as desculpas, a elas a culpa”
Reconheço que tivemos algum avanço, hoje existe um contexto de leis e protocolos, que nos sugere alguma confiança em denunciar, mas ainda não é o suficiente, porque sabemos que, socialmente, ao denunciar corremos mais risco de violência seja ela do próprio processo de denúncia, dos julgamentos, da descredibilização da fala da vítima, isto tudo é muito violento também, porque quem sofre alguma violência tem seu percurso alterado drasticamente.
Quando uma mulher faz uma denúncia, é um ato corajoso, ela faz por muitas, de alguma forma, também nos sentimos reparadas. Então, todos os dias, eu desejo que, juntas, possamos acolher e encorajar umas às outras, ecoando as nossas vozes para que um dia a gente pare de pedir que acreditem em nós.
Roberta Rocha
Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres
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