Assim que acaba

Assim que acaba

Assim que começa

Li os dois livros de forma voraz no finalzinho de 2023. Me surpreendi e me envolvi muito com a história da Lilly.

Neste post vou falar do primeiro livro, assim que acaba. Pode ter spoiler. O próximo post falo do livro 2, assim que começa.

Lily, mulher ousada e corajosa. Ryle, um homem determinado e ambicioso - característica valorizada nos homens e condenada em mulheres. Ambos, com experiências traumáticas durante a infância.

Eu fiquei super envolvida com o primeiro encontro dos dois. Pensei: tem como não se apaixonar por Ryle e Lily? Envolvida com o mistério do que estava por vir, não me atentei aos comportamentos iniciais do Ryle o que, futuramente, irá compor o relacionamento dos dois.

A narrativa escrita por Colleen me fez lembrar das incontáveis histórias que acolhi como Psicóloga.

Somos convencidas a cuidar, acreditar e até se responsabilizar pela mudança do outro, não podemos individualizar a culpa quando a mulher permanece em um relacionamento abusivo. A decisão de sair é dela. Porém, dificilmente, sairá sozinha, sem rede de apoio e amparo.

Lily faz muitos julgamentos em relação a sua mãe. Ela reconhece que não basta somente pensar que seria diferente se fosse com ela. A experiência é soberana. Ali na sua relação Lily foi como sua mãe, como muitas mulheres, vitima de um sistema que nos atravessa violentamente.

A revolução que precisamos para fazer diferente vem do amparo e acolhimento da dor e do medo que nos acomete em fazer diferente. Foi num diálogo entre mãe e filha que senti - mais uma vez - a potência que é de ser validada e acolhida por outra mulher.

“Eu nunca senti tanto orgulho de você. Foi a única pessoa em minha vida que me defendia. Você foi forte quando eu estava com medo.—Uma lágrima cai de seu olho quando acrescenta: —Seja aquela garota, Lily. Corajosa e ousada.”

Roberta Rocha

Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres