Um pouco antes desta cena Anne, que é uma menina muito expressiva e criativa, conta uma história que as amigas não recebem como ela imaginava.
Me parece que ela se sente rejeitada pelo grupo, fica triste e Diana, sua melhor amiga, sugere que ela fale menos para se sentir pertencente ao grupo. Contar histórias é uma das características mais notáveis de Anne.
Esta cena me tocou muito porque muitas vezes nós deixamos de estar, fazer e até de ser para pertencer.
Eu até compreendo que alguns ajustes são necessários em alguns momentos e situações, mas é essencial que se faça uma reflexão desta parte que vamos precisar abafar, esconder ou até tentar excluir para pertencer, pode ser que nos faça muita falta.
Quando somos adolescentes compreendo ser comum e mais recorrente os movimentos de adaptação e ajustes de postura para pertencer. Anne é uma adolescente que deseja estar e ser aceita por este grupo.
Assim ela tira as flores do seu chapéu, duas coisas que ela ama, flores e chapéu, segue seu caminho de volta pra casa.
Quantas vezes já adultas vamos excluído e incluído fragmentos de nós mesmas que nos compõe para sermos aceitas, vistas e amadas?
Estes dias uma grande amiga que participou do Nossas Histórias, meu - nosso grupo terapêutico, falou sobre a importância de ter se apropriado do seu jeito expressivo, vivendo na dor e na delícia de ser quem deseja ser.
Penso que assim reconhecendo partes que foram perdidas pelo caminho vamos saindo do modo de comparação, de desejo de validação e vivendo a partir daquilo que somos e não do que nos é imposto.
E não há nenhum equívoco em desejar pertencimento, que é uma sensação que nos dá segurança, contorno e acolhimento.
O equívoco se dá quando nós nos reduzimos tanto para caber, se encaixar.
Tenho aprendido com a Anne que sustentou seu jeito de ser e ver a vida.
Me conta, já assistiu a série? Lembra deste trecho? Vou adorar te ler.
Roberta Rocha
Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres
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