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A mulher que reclama

Foto do escritor: Roberta RochaRoberta Rocha


Antes de falar sobre a mulher que reclama, quero compartilhar um resumo da definição de “reclamação”: é o ato de expressar descontentamento ou insatisfação, podendo ser uma queixa formal ou informal sobre algo.



Mas será que essa definição se aplica da mesma forma quando uma mulher reclama?



Você, mulher, já sentiu que, ao reclamar, seu ato foi deslegitimado pelo outro? Já ouviu a frase: “Você só reclama”?



Recentemente, uma mulher que acompanho em processo terapêutico me contou o quanto estava cansada de reclamar e que talvez o problema fosse ela ser exigente demais. Aliás, às vezes, pedimos o mínimo, o básico, e ainda assim somos rotuladas como exigentes.



O que ela falava ressoou em mim e me fez lembrar de outras mulheres que escuto, seja em terapia ou fora dela. Será coincidência?



Definitivamente, não. Isso é um reflexo de uma sociedade que associa certos comportamentos das mulheres a exagero, capricho ou algo sem fundamento.



Há uma clara distorção na maneira como as reclamações das mulheres são recebidas. Somos tachadas de dramáticas, chatas, que falamos demais. Essas falas pejorativas levam muitas mulheres a desistirem de suas reclamações, já que o que se espera de nós é compreensão, passividade e a habilidade de evitar ou resolver conflitos.



A mulher que reclama está exausta, sobrecarregada, condicionada a também a procurar soluções, já percebeu o tanto de ofertas de cursos e conteúdos ensinando como podemos falar de forma mais gentil e amorosa acaba recaindo sobre nós.



Na conversa que mencionei acima, perguntei a ela: “O que você está reivindicando quando reclama? Como se sente ao ampliar o significado de reclamar?”


Ela me respondeu: “Deveria reclamar mais.” Rimos juntas.



Roberta Rocha


Psicóloga de meninas e mulheres, Terapeuta de casais e famílias, Facilitadora de encontros entre mulheres

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