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Muitas destas mulheres cuidadoras chegam até mim adoecidas, algumas à beira de um abismo, querem abrigo e validação.
Elas cuidam dos filhos, da parceria, dos pais idosos, da casa, do trabalho, da amiga, das relações, fazem toda manutenção que precisa para as pessoas viverem bem.
Respiro aliviada por ela estar ali na minha frente, faço o acolhimento, eu sou a mulher que irá cuidar daquilo que me cabe, logo explico, não será um processo indolor, são tantas camadas a acessar, mas faremos com cuidado e gentileza.
A mulher foi treinada para cuidar, ainda menina aprendeu tantas formas de ser e estar, aprende a sentar direito, a cuidar da casinha, da boneca, a não pular, a não saltar, você já deve ter percebido que as roupas de meninas não ajudam muito o nosso corpo a se sentir livre.
Quando adolescente aprende a cuidar do corpo em comparação a outros corpos que são colocados como padrão.
Eu sei que evoluímos. Reconheço todas as mulheres que abriram caminhos para nós estarmos aqui onde estamos.
Mas me arrisco a dizer que você já foi chamada de louca ou você mesma já pensou que era quando reivindicava o básico.
Você até achou que tinha surtado, lembra? Porém, depois do surto passar se sentiu culpada, não precisava de tudo isto, você é a boazinha, aquela que nasceu para cuidar.
Cuidar não é algo mais fácil e natural para mulheres, só é mais imposto, comum e recorrente do que para os homens.
Homens e mulheres aprendem a cuidar. A diferença é que existem mais estímulos para que as mulheres continuem a se responsabilizar pelos cuidados.
Nós, mulheres, precisamos transcender a culpa, a estranheza que é questionar o que nos é imposto.
Roberta Rocha
Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres
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