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A mulher boazinha

Foto do escritor: Roberta RochaRoberta Rocha

A mulher boazinha foi uma menina boazinha, aprendeu a estar assim para ser digna de receber o amor do outro. Está quase sempre em busca da perfeição.


Foi socializada para se encaixar, se anular e se silenciar.


Aquelas que subvertem o que é imposto na socialização feminina se enquadram dentro de alguns estereótipos. São chamadas de mal criadas, respondona e rebeldes quando meninas e quando crescem geralmente são chatas, exigentes, difíceis de lidar.


A boazinha cresce não sabendo da sua imensidão, se sente pequena diante da grandeza que é a sua própria vida, da potência que é sua voz e da força que tem seus desejos. Como não sabe o seu tamanho encontra muita dificuldade de se posicionar e estabelecer limites.


Eu já acolhi muitas mulheres boazinhas, chegam até mim perdidas e inseguras, conhecem muito sobre os outros, pouco sobre si.


Não sabem cuidar de si. Mas são especialistas em cuidar, servir e se entregar ao outro.



Por fora, elas sorriem.

Por dentro, guardam raiva.


O silêncio, medo e a raiva vira sintomas no corpo e no emocional, as queixas são de baixa autoestima, insegurança, ansiedade, tristeza, desânimo. Algumas vezes se apresentam até de forma patológica, dores crônicas, depressão e ansiedade.



É no acesso desta raiva que elas conseguem se despedirem da necessidade de agradar e serem boazinhas, compreendem que podem ser agradáveis e boas pessoas mantendo sua autonomia, sua voz e seus limites.


É um processo, uma caminhada por vezes dolorosa, eu diria até que é um renascimento, é preciso renunciar os ganhos, assumir o que se perde.


Roberta Rocha

Psicóloga, Escritora, Facilitadora de encontros entre mulheres


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